O assunto da semana parece ter sido mesmo o BBB e os temas polêmicos que rondam a maior produção midiática da televisão brasileira.

 

O assunto mais uma vez girou em torno da participante Natália, mulher negra, com vitiligo e que logo nos primeiros dias do Programa, soltou alguns argumentos acerca da escravização de negros que gerou profundo desconforto entre militantes e pessoas negras de todo o País.

 

Natália, em seu discurso, lançou falas extremamente problemáticas. Na noite de quarta, na festa do líder, Natália ofereceu como “entretenimento” uma das cenas mais fortes da Edição até agora: chorou, jogou objetos, ameaçou abandonar o jogo depois de presenciar seu affair Lucas, aos beijos com outra participante.

 

Muita gente encarou a cena como grotesca, engendrada por uma mulher desequilibrada que foi trocada por outra. Mas será apenas isso mesmo ou a cena aponta para uma realidade  cotidiana e das mais problemáticas nas relações afetivas em um país, cuja base racial afeta todos os espaços da nossa existência?

 

O arrobo de Natália, representa ali, não apenas a ideia de uma troca por outra mulher, sendo portanto, muito mais profunda do que as relações de gênero. O que Natália passou, acontece comumente todos os dias quando homens e mulheres negros são preteridos em seus corpos por outros que estão estruturados no padrão da branquitude.

 

Há quem diga que, sem as câmeras, era capaz do rapaz ter consumado a relação com ela ou até ficar com as duas. Não sabemos ao certo. 

 

A solidão que assombra mulheres e homens negros em todos os espaços da sociedade: no afeto, na política, no mercado de trabalho, na academia é uma realidade que não pode ser relegada apenas à questões de afetividade.

Solidão para gente preta, só não existe nos presídios brasileiros, que continuam parecendo em muito com os navios tumbeiros que atravessaram por anos a fio o Atlântico.

 

Fiquemos atentos e atentas, pois o BBB não pode resumir nossas pautas, mas pode servir de análise para nossas práticas cotidianas.

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