Por: Jordôa Moreira

Psicóloga – CRP 22/02822

Por coincidência (ou não) esse texto é um complemento do texto que eu fiz ano passado também falando de setembro amarelo.

Eu começo enfatizando que a campanha do Setembro Amarelo possui um papel importante. Na internet tem muitas informações sobre as ações e como surgiu.

Continuando…

O suicídio possui causa multifatorial, ou seja, envolve fatores psicológicos, biológicos, genéticos, culturais e socioambientais. A partir disso, é importante estarmos atentos para não definir essa situação de uma forma simplista.

A professora Jeane Tavares (também é psicóloga) enfatiza que as campanhas que envolvem saúde mental devem ser pautadas também no coletivo, ou seja, sem culpabilizar apenas a pessoa por seu sofrimento, sem levar em consideração o contexto que ela está inserida. E quando falamos em trabalho coletivo não são apenas as palestras (que são muito bem-vindas e possuem sua importância e efeito) ou da terapia (que também pode ajudar), mas também práticas voltadas para melhorar a vida daquelas pessoas.

Mais uma vez reforço que as políticas públicas são um dos pontos importantes para a promoção de bem estar, e cabe a nós enquanto coletivos lutarmos para seu fortalecimento e contra seu desmonte.

Mas não só isso…

Estamos passando por um período pandêmico, com um grande esgotamento mental, cansaço, sobrecarga, exploração, trabalho escravo contemporâneo e esses temas também devem ser discutidos todos os meses, deve ser tratado como prioridade, pois contribuem ativamente na vida de uma pessoa em muitas vezes de forma negativa.  O debate é bem mais complexo, mas não deve ficar apenas no campo da fala, é mais que isso, é pra ser lavado pro campo da ação, da crítica, da mudança dessas estruturas que moem principalmente pessoas negras, indígenas, LGBTQIA+. Os fatores de risco devem ser conhecidos, refletidos e combatidos.

Ampliar a discussão sobre setembro amarelo envolve também criticar salários pequenos, desigualdades, explorações (trabalho em excesso), perseguições das pessoas negras e indígenas, pressões por seguir padrões que não fazem sentido para todos, pressões no ambiente acadêmico, produções em excesso, criticar as violências estruturais que fazem parte da nossa sociedade, dentre outros.

Setembro está acabando, mas a luta continua em todos os meses, em todos os lugares e em todos os contextos que atravessam nossa vida.

Observação: Caso esteja passando por algum sofrimento, busque o serviço de saúde mais próximo para ser acompanhado por um profissional qualificado.

 

Referências:

CRP-PR. Setembro Amarelo: por que precisamos de uma postura crítica e reflexiva para não provocarmos mais sofrimentos?. Curitiba, Paraná,  06 de setembro de 2022.  Disponível em <https://crppr.org.br/e-preciso-falar-sobre-o-setembro-amarelo/>. Data de acesso: 27 de setembro de 2022.

NECCHI, Vitor. O complexo e multifatorial caminho do suicídio. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, Rio Grande do Sul, 13 de novembro de 2017. Disponível em: <https://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/7128-o-complexo-e-multifatorial-caminho-do-suicidio>. Acesso em: 27 de setembro de 2022.

SETEMBRO AMARELO, 2022. Disponível em: <https://www.setembroamarelo.com/>. Acesso em: 27 de setembro de 2022.

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